Entrevista: Simone Teixeira

A- A+

“Coloquei tudo na minha van e fui atrás do que eu queria”. Essa frase poderia ser, talvez, de um trecho do filme Pequena Miss Sunshine, ou sobre a vida de um músico que decidiu sair de casa para finalmente alcançar o sucesso. Mas esse relato é de Simone Teixeira que, após ter iniciado a sua carreira no TRT de São Paulo, cumpre hoje a função de diretora da Vara de Aracruz.

A trajetória da servidora nesses 18 anos parece até coisa de filme, mesmo. Nascida em Colatina, foi convocada pelo Tribunal paulista a integrar a equipe da Vara do Trabalho do município de Diadema, localizado na região metropolitana. Simone decidiu ir junto ao seu marido e a filha Sophia, que tinha apenas 6 meses de idade na época, em busca dessa realização. Tirou os bancos da sua van, criou espaço para levar o máximo de coisas possíveis e começou essa empreitada até então desconhecida.

A única segurança da colega, naquele momento, era saber que teria um apartamento emprestado para ficar no início, mas ainda assim não tinha certeza do que o futuro lhe reservava. “Todo mundo falou que eu era louca”, relatou aos risos.

Ousada ou não, a escolha deu certo. A sua dedicação à Justiça do Trabalho foi reconhecida logo de início pela diretora da Vara de Diadema naquele período, que fez questão de levá-la junto quando o juiz titular foi transferido para a unidade localizada em Cutia.

Simone começou a morar em Cutia, mas estudava Direito em Osasco. Eram 120km de ida e volta só para a faculdade e, entre os desafios, estava o frio que fazia nas suas cidades. “Foi muito difícil. Passamos por vários apertos, inclusive financeiros”, afirma.

Após quatro anos vivendo em São Paulo, a servidora foi cedida para o TRT-17 e começou as suas atividades na 1ª Vara de Vitória.

Simone e sua filha Sophia no Parque Ibirapuera

“Tento tirar o melhor de cada lugar que eu estou”

Quando voltou para o Espírito Santo, o coração de Simone ainda estava em Colatina, cidade onde nasceu. Ainda assim, trabalhou com dedicação por 7 anos na capital, mesmo sentindo falta de estar mais perto do chão de terra da sua infância, de seus familiares e amigos antigos.

Quando chegou em Vitória, a colega ainda cursava o seu terceiro ano de faculdade e, com a transferência, precisou trancar o curso. Foram 10 anos para que ela pudesse concluir tudo, por conta de toda correria envolvendo trabalho, casamento e a criação das filhas. Sim, filhas no plural. Há 11 anos, ela foi agraciada pela chegada de Rebeca, sua caçula.

Quando perguntada sobre o que faz para sair da rotina e relaxar, Simone usa apenas uma palavra: trilhas. Em toda cidade que já morou ou visitou, ela procura uma trilha para explorar. “Não posso ver uma pedra que eu já subo”, diverte-se.

Segundo a colega, a conexão com a natureza é fundamental para a sua vida, junto com a sua fé. Isso é visível logo de cara. A servidora é conhecida por todos que trabalham com ela como uma pessoa que não para de sorrir.  E esse sorriso ficou ainda maior quando pode, finalmente, voltar um pouco para a sua cidade natal e ficar mais perto de tudo aquilo que ela tinha apego sentimental.

De Colatina à Vara de Aracruz

Após prestar serviço em Vitória, lá estava Simone em Colatina novamente. Apesar da felicidade e realização, a servidora percebe com o tempo o quanto gosta de explorar novos desafios. Cinco anos após começar as atividades em sua cidade, ela vai para a Vara de Nova Venécia, mas não fica por muito tempo. Logo, surge o irrecusável convite de ser diretora da unidade de Aracruz.

Simone acredita em uma gestão mais horizontal, sem a visão tradicional e hierárquica de liderança. Para ela, estar nessa posição exige vocação. “Você pode nascer com essa vocação ou treinar-se para ela. Mas não pode estar ali só pelo contracheque. Se você faz com dedicação, você vai deixar uma história, uma marca”, afirma.

“Meu objetivo é deixar um legado”

O pai, um herói. A mãe, segundo a servidora, “um rio”, “um doce”. Sua infância foi brincando de caminhoneiro junto com o seu irmão, o que era, para o seu pai, o ganha pão. Quem sabe a história de Simone, que vive pegando a estrada, tenha um pouco a ver com isso.

Fato é que a colega ainda quer ir mais longe, seja de caminhão, de van, ou a pé. Para ela, não existe o topo da trilha. “Quero dar frutos até quando chegar na velhice. Quero me dedicar ao meu trabalho enquanto eu puder. Meu objetivo é deixar um legado”.

Sem dúvidas, a servidora deixa uma marca na Ajustes com a sua história de vida. Agradecemos a entrevista com essa história inspiradora e desejamos ainda mais sucesso para essa colega tão dedicada e entregue a tudo que se propõe.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Chat aberto
Precisa de ajuda?