Estar em movimento é uma constante na vida da colega Valdilene Alves, a Val.
Mal começamos a entrevista e ela revela gostar de mudanças, de novos desafios. Não teme sair da zona de conforto. E assim vem tocando a vida.
Tão logo se formou em Engenharia Civil, a ex-estagiária assinou seu contrato profissional. Como engenheira de campo, seu dia começava cedo entre sacos de cimento, tijolos e telhas.
Não demorou muito e quis mais. Partiu para seu próprio negócio. Era uma maneira de colocar em prática os dois cursos universitários (Val também é formada em Administração). A firma de reformas deixou de ser um projeto e saiu do papel. Mandava derrubar paredes, acertar encanamentos, trocar pisos. “Trabalhava das 7h às 7h, tipo Sipolatti, às vezes nos fins de semana e feriados, mas nem sentia”, revela sorrindo. Tocava obras com a animação de uma cantora de axé. Sim, levantou poeira.
O marido Osmar, auditor do Estado, embora admirasse a dedicação da mulher, a incentivava fazer um concurso público para, quando resolvessem aumentar a família, tivesse um horário mais regular.
Mas Val seguia feliz com seu trabalho. Um dia, por obra do acaso, encontrou uma colega de profissão vistoriando uma construção com o bebê no colo. A cena a fez repensar a profissão. Hora de mudar, pensou e começou o seu movimento para a carreira pública. Decidiu tornar-se Auditora Fiscal.
Largou tudo para dedicar-se aos estudos. Sentia-se preparada para o concurso da Receita Federal quando o Governo suspendeu todos os concursos do Poder Executivo.
Foi um baque, e ela já tinha fechado a firma de reformas. De um conhecido soube do concurso do TRT capixaba e, ainda, da existência de um setor de engenharia no Tribunal. Mãos à obra, ou melhor, aos livros de Direito e aos cursos preparatórios.
Com uma formação na área de exatas, sua maior dificuldade, conta, foi entender os termos jurídicos. “Era um dialeto desconhecido.” O primeiro contato com Direito do Trabalho foi por meio do hoje desembargador Valério Heringer. Ela lembra com carinho de suas aulas. “Ele chegava 10 minutos antes para me explicar o juridiquês, sou muito grata a ele.”
O concurso foi em 1999, pouco antes das Juntas de Conciliação e Julgamento tornarem-se Varas do Trabalho. Valdilene passou em sétimo lugar das nove vagas para Técnico Judiciário. Nada mal para uma pessoa que pouco tempo antes só conhecia juntas de dilatação e de retração.
Quando tomou posse, o TRT precisava de servidores na atividade fim, e ela não foi aproveitada na Engenharia como sonhara, mas, como já dito, estar em movimento é uma constante para essa capixaba. Ela rapidamente se adaptou ao mundo jurídico.
Acabou por cursar Direito. Durante a faculdade, conseguiu ser aprovada para o cargo de Analista Judiciário do nosso TRT, lugar que, confessa, desde que conheceu nunca mais quis sair.
Val trabalhou em diversas unidades do Tribunal e brinca fazendo uma correspondência com o tempo em que passou em cada uma delas e suas ‘gravidezes’. A Ana Cecília, 22, é filha do Sepex/Secap, o João Henrique, 15, filho da Sejud, e Júlia Beatriz, 9, filha do GDCCM. Hoje, Valdilene está lotada no GDMMM e informa que a fábrica fechou.
Em todos os setores, colecionou amigos. Não cansa de elogiar a qualidade profissional dos servidores do TRT e mencionar a admiração que tem pelos companheiros de labuta. Se é só carinho ao falar dos colegas, não é diferente ao se referir à família.
Mais velha de quatro irmãos, um deles já em outra dimensão, Valdilene fala com orgulho dos pais. De origem simples, eles sempre acreditaram ser a educação o caminho para uma vida melhor e não pouparam esforços para proporcionar aos filhos um estudo de qualidade.
Valdilene herdou do pai, seu Valdir, a primeira parte do nome e a vontade de querer sempre aprender mais. Da mãe, dona Marlene, veio o complemento e a sabedoria de cultivar a alegria e festejar a vida.
Essa alegria e o amor à dança levaram Val aos palcos ainda pequena. Na adolescência, participou, inclusive, de uma companhia de jazz moderno. Mais tarde, fez outras modalidades de dança, dentre elas, o Flamenco e a Dança do Ventre.
No momento, a dança não está no rol de suas atividades físicas, mas, garante, por pouco tempo. Como ela mesma diz “estou sempre voltando à dança, pois energiza o corpo e revigora a alma”.
Sim, estar em movimento é uma constante na vida da colega Valdilene Alves.