Entrevista: Silvana Thebaldi

Viver é como andar de bicicleta: É preciso estar em constante movimento para manter o equilíbrio. A frase, atribuída a Albert Einstein, veste como uma luva nossa colega Silvana Thebaldi.

Movimento é o que não falta na sua vida. Seu dia a dia é corrido, mas consegue dar umas pedaladas nos desafios e nadar de braçada nas boas vibrações.  No caso da Sil, como é carinhosamente chamada por muitos, o sentido, além de figurado, é literal. Desde 2021, é atleta amadora de triatlo.

Significa dizer que acorda todos os dias, antes do sol, para, às 6 horas da manhã, estar correndo, nadando ou pedalando pela cidade.

Nem sempre foi assim. Houve um tempo em que atividade física não ocupava espaço tão importante na agenda, e a correria era outra.

Aos 20 anos, Silvana já era mãe de Gabriella, cursava faculdade de Contabilidade e, para ajudar no orçamento do casal, dava aulas de piano para crianças, mas isso não rendia um bom dinheiro.

Apesar de o pai ser servidor da Justiça do Trabalho, não foi ele quem a incentivou a abraçar o serviço público e, sim, a irmã mais velha, Isabella. Fiscal da Receita Estadual, quando surgiu o concurso do TRT, ela se propôs a ajudar a mana. Estudou com Silvana todos os dias, chegou a fazer a prova só para dar apoio (foi aprovada e não tomou posse).

Nossa colega entrou no primeiro concurso do TRT-ES, trabalhou na Secretaria Geral da Presidência, passou pelo Sedoc, onde chegou à diretora e, hoje, está no Gabinete do Desembargador Gerson Novaes. Nesse meio tempo, formou-se em Direito.

O irmão Leonardo também é servidor do nosso Regional, além dele e de Izabella, Sil tem mais quatro irmãos: Giovanna, Bruno (que vive na Alemanha), Leonardo e Eduardo.  Aos domingos, Dona Celça costuma reunir os filhos para almoçarem juntos.

Aliás, Silvana é cuidadosa com a alimentação, mas não faz nada em especial e não se impõe restrições severas. Um docinho é bem- vindo e, no dia anterior de nossa entrevista, por exemplo, havia saído à noite com amigas para uns drinks. Mesmo assim, acordou cedo para treinar, claro, ou não seria a Silvana.

Depois dos almoços dominicais, tendo se exercitado duro de segunda a sexta (além dos treinos, faz musculação e fisioterapia), é de se pensar que passe o resto do domingo dedicando-se ao dolce far niente. Nada disso. Esse dia é talvez o que demande o “maior gasto energético” da nossa atleta. É quando brinca sem parar com a sua trinquinha de netos: Helena, 5, Catharina, 2, e Miguel,1, todos filhos de Gabriella.

Pois é, Silvana com essa carinha tão jovem já é avó e tem o maior orgulho disso: “Eu amo ser vovó”, revela. A família é motivo de alegria. O outro filho de Sil, Leonardo, também do primeiro casamento, formou-se há alguns anos em Medicina, conta orgulhosa. Os filhos também sentem orgulho da mamãe tantas vezes campeã.

O triatlo, iniciado ano passado, começou a entrar em sua vida por meio das corridas. Tinha 33 anos quando sua personal a convenceu a treinar para as 10 Milhas Garoto. Até então, não havia participado de uma corrida de rua.

O bom resultado a fez querer continuar. Em 2005, quando nosso TRT começou a participar das Olimpíadas da Justiça do Trabalho (OJT), Sil foi a única mulher a seguir com os colegas para o Pará. Pois ela foi, viu e venceu. Trouxe na bagagem uma medalha de ouro (800 m), uma prata (1.500 m) e uma bronze (5.000 m) e não parou mais de colecioná-las.

“Participar das Olimpíadas me estimulou muito, porque precisava treinar para continuar trazendo medalhas”, afirma. No ano seguinte, como iria viajar para competir na corrida, inscreveu-se também na natação e, mais uma vez, fez bonito.  Fazer bonito, aliás, é bem fácil para Silvana. Não demorou muito para se aproximar do ciclismo, graças ao incentivo do colega George. O triatlo foi mesmo o resultado natural das várias atividades.

Em uma das edições da Olimpíada, conheceu Márcio Moura, servidor do TRT do Paraná.  Namoraram por alguns anos à distância. É preciso mesmo fôlego de atleta para superar as  inúmeras viagens da ponte aérea Vitória-Curitiba, mas eles venceram os obstáculos e, recentemente, Márcio conseguiu vir trabalhar no TRT capixaba. 

Ele, é bom registrar, foi o associado a conquistar o maior número de medalhas na última Olimpíada. Trouxe um total de 12 para nosso Regional. Scusi, TRT-9. Felicità, TRT-17! Silvana arrematou nove medalhas.

Sil é disciplinada, mas afirma que Márcio, além de disciplinado, é muito focado. No entanto, ela é que o levou para o triatlo. Quando ela começou, ele desdenhou: “Vou deixar essa loucura só pra você.”

Os planos do casal para o ano que vem incluem uma competição em Ibiza, na Espanha, e outra em Munique, na Alemanha, para os mundiais de triatlo. 

Para um casal de atletas tão dedicados, mesmo quando não há competição, os passeios e viagens incluem sempre uma atividade física. Para onde viajam, revela, levam suas bikes

Afinal, viver é mesmo como andar de bicicleta e, ao que parece, nossa colega consegue manter o equilíbrio entre a vida familiar, profissional e esportiva, porque está sempre em movimento.

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