Por Martha Aurélia Gonzalez
“Comer, comer,comer, comer é o melhor para poder crescer.”
Conhecendo nossa entrevistada é fácil pensar na canção infantil como uma boa trilha sonora para sua vida. Sim, Edmara nasceu com o gene da gula aumentado. Não come por ansiedade, tampouco por depressão, ou qualquer outra causa tão comum nos dias de hoje. O ato de levar o alimento a boca, repetido várias vezes ao dia, tem um só motivo: o gosto pela comida.
Beneficiada pela genética tem tendência a emagrecer. Sempre foi muito agitada, dificultando ainda mais o ganho de peso. Na infância, o momento favorito era o recreio para pular corda, brincar de elástico e mesmo quando todo mundo cansava, ela queria continuar com as brincadeiras. No pique-esconde já foi parar no telhado de uma casa.
A comilona não ganhava peso, e sim, apelidos óbvios como Magali, a personagem dos quadrinhos. Magrinha e agitada também foi chamada de Formiga Atômica. “Eu não dava muita bola, hoje em dia isso seria bullying, sorri. Mudei de assunto, falar em Geração Nutella com Edmara periga ela querer passar o creme no pão. Na nossa entrevista online, bolo e cookies de chocolate se fizeram presentes.
Apesar de gostar muito de comer, não é de cozinhar. Sua melhor performance é um bolo de cenoura com calda de chocolate. “Esse meu bolo, modéstia à parte, é até meio famosinho no Tribunal”, garante. A fama de gulosa também.
Nas festinhas de aniversário no TRT é comum além dos parabéns ao aniversariante do dia, alguém falar: “come antes de a Edmara chegar”. Reza a lenda que em uma dessas reuniões comeu 40 salgadinhos, pergunto se é verdade; ela retruca: “É um absurdo isso! Alguém ficar contando quantos salgadinhos a pessoa come. Eu não como muito, as pessoas é que comem pouco”, graceja, sem, no entanto, desmentir a informação.
As próprias filhas, revela, observam a grande quantidade de comida no prato da mãe. Aliás, quando grávida, Edmara sempre ganhava sobremesa nos self-services frequentados na hora do almoço. Gentileza dos comerciantes? Não exatamente, é uma promoção comum a quem enfia o pé na jaca e coloca mais de um quilo de comida no prato.
Seu apetite também é voraz na hora de resolver problemas e fazer as demandas seguirem em frente no trabalho. É uma servidora reconhecida pela eficiência. Desde que entrou no TRT, em 1992, está lotada na Direção Geral (Diger). Colegas costumam brincar que pode mudar o presidente, o diretor geral, mas Edmara sempre estará lá. É batata!
A mãe de Luna,25, Lívia,23 e Larissa,19 enche a boca para falar das filhas, sua grande paixão. Ela costuma dividir o período de férias em dois. Um deles em janeiro para passear com a prole. Os maiores gastos da colega são, claro, com o supermercado, mas também investe em viagens e o conforto das filhotas.
As irmãs Edna e Elielda (esta também servidora no TRT) são mais calmas, parece que o DNA da agitação se concentrou nela. E a quem Edmara puxou? Será o Benedicto? Não, o pai, seu Bené é tranquilão, mas a mãe, dona Arlinda, hoje em outra dimensão, era muito levada, dessas de jogar ovo nos vizinhos quando criança. Quem sai aos seus…
A perda da mãe, há oito anos, foi um dos momentos mais difíceis. Encontra na religião o auxílio para as etapas duras da vida. Edmara frequenta semanalmente a Igreja Batista. Entre as passagens mais bonitas da Bíblia, já lida cinco vezes, ela ressalta o Novo Testamento.
Da teoria à prática. Durante todos esses meses em que ficamos em casa, a colega não se limitou a atitudes como manter o salário da empregada mesmo sem a contraprestação laboral. Todo o dinheiro economizado com gasolina, estacionamento, roupas, enfim, gastos para ir ao trabalho, doou para quem precisava. Ajudou, por exemplo, a pagar a faculdade de uma amiga da filha, cuja mãe ficara desempregada.
Se a gula tivesse um nome próprio poderia ser Edmara, mas a colega, demonstra por seus atos, que maior que seu apetite é seu coração. Então, podemos até chamá-la de Edmais, só não a chamem para dividir um chocolate.