Entrevista: Olcimar Carvalho

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“Ninguém pode se entregar por causa de uma limitação.” O recado, pode-se dizer o alô, é do colega Olcimar Carvalho, telefonista no TRT. Ele nasceu enxergando perfeitamente, mas um acidente automobilístico o fez perder a visão aos 18 anos.

À época, fazia estágio de eletrotécnica e preparava-se para o vestibular de Engenharia. Desportista, tinha, em seu currículo, o título de campeão capixaba de futsal. A força para enfrentar situação tão difícil, conta Olcimar, veio da família, principalmente da mãe, dona Romilda, que ficara viúva há poucos anos. Sozinha, ela criou os cinco filhos. A religião também foi fundamental.

O colega não deixa que nada o atrapalhe a ter uma vida plena e vive sempre tum-tum-tum, digo, ocupado. A casa está em obras. Ele próprio instalou todas as luminárias. No dia da nossa entrevista, acabara de passar onze fios pela tubulação para fazer uns ajustes. Para não errar, faz marcações com fita crepe, durex, enfim, o tato e a sapiência não têm limites, e só muito raramente precisa de alguma ajuda.

Olcimar ingressou no Tribunal em 1991, quando ainda não havia vagas para pessoas com deficiência. Conhece todo mundo pela voz, aliás, os programas de voz no computador e no celular o ajudam a ser um profissional de excelência.

Durante muitos anos, a esposa Kátia é que o levava e buscava no TRT, diariamente. Em 2015, antes da pandemia, seu pedido de trabalho remoto foi aprovado. Deu a notícia a ela fazendo graça: “Amanhã, deixa que eu vou sozinho, tá?”.

Conheceu a esposa na Igreja, embora fossem praticamente vizinhos. “Acho que ela já estava de olho em mim há tempos”, graceja. “Também um cara bonitão como eu!” E com ela, o bonitão teve dois filhos: Midiã, 29, e João Pedro, 22. A primeira é formada em Direito e o segundo segue o mesmo caminho.


Para sua alegria, a garota se casou com um flamenguista. Dia de jogo, a casa fica cheia, e Kátia, dentre outras delícias, faz a melhor quiche do mundo. A área gourmet, ainda em obras, deve ficar pronta antes do fim do ano, e o Natal, revela, foi eleito como a festa de inauguração.

Os momentos em família, seja em casa, seja viajando, são os favoritos. Nas horas de folga, Olcimar também solta a voz, compõe e toca violão. O colega possui composições evangélicas que, inclusive, já integram coletâneas de algumas Igrejas.

Gentileza é sua marca registrada, e ele a distribui não só aos colegas, mas também aos que buscam informações, telefonando para o TRT. Não sabe dizer quantas vezes por dia diz “Alô”, mas tem a resposta prontinha quando perguntado a quem daria outro tipo de alô:
“Pediria a todas as empresas de telemarketing que parassem de me ligar. É muito chato receber tantos telefonemas.”

Sua opinião, Olcimar, é muito importante para nós. Estaremos enviando sua solicitação ao departamento técnico responsável para as providências cabíveis. Agradecemos o contato e a entrevista.

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