Entrevista: Marlúcia Almeida de Souza

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Plantas no quintal de Marlúcia

É difícil escrever sobre a entrevistada de hoje sem começar falando de botânica. Não só pela sua paixão em cuidar das plantas, mas por como cada uma das que ela cultiva refletem muito sobre os seus valores e sobre tudo o que aprendeu em sua trajetória.

Marlúcia tem em seu jardim, majoritariamente, suculentas e orquídeas. A primeira espécie é conhecida por ser mais rígida; a outra, é mais frágil, vulnerável.

Esses dois lados fazem parte da personalidade da servidora. Filha de militar, ela afirma que a rigidez da profissão do pai nunca sobressaiu todo afeto que ele pode oferecer. Com ele, ela parece ter aprendido que amor e disciplina podem caminhar juntos.

E foi baseada nesse modelo que ela levou a sua vida profissional durante os anos os quais se dedicou à Justiça do Trabalho. Marlúcia começou em 1984, quando as Varas de Vitória eram chamadas de Juntas de Conciliação e Julgamento e ainda pertenciam à jurisdição do Tribunal do Rio de Janeiro.

Em sua trajetória, passou também por gabinetes, mas a maior parte do seu tempo foi em dedicação às VT’s de Vitória. Inclusive participou da primeira reunião da Ajustes, a qual lembra com muito carinho.

É visível o apreço que a servidora tem com a função que exerceu. Ela defende a importância da JT e acredita no impacto positivo que ela causa. “Nossa função é levar justiça social para as pessoas”, enfatiza a servidora.

É claro que essa visão inspiradora fez o seu trabalho brilhar ainda mais. Marlúcia teve tanto prestígio que, em menos de dois anos após começar a curtir a aposentadoria, foi convidada a dirigir uma Vara do Trabalho. Honrada, ela aceitou o convite. Pergunto o por quê, e ela é direta: “eu voltei para trabalhar com o que eu sempre gostei de fazer”.

Além do gosto pelo trabalho, Marlúcia se dedicava também à sua saúde física e mental, fazendo as suas caminhadas e praticando ioga e pilates. Uma pequena interrupção nessas atividades teve que acontecer quando ficou por quase quatro anos dedicando-se aos cuidados com o pai, até o dia em que ele faleceu em 2019.

É aí que entra o lado “orquídea” da servidora. Seu amor pela família a leva a marejar os olhos durante a entrevista, principalmente quando fala da fé, algo que aprendeu com a mãe. “Não sou nada sem Deus e a fé é o motor da minha vida”.

O coração fica mais mole ainda quando Marlúcia fala dos filhos. Ambos seguiram o mesmo caminho que a mãe e decidiram cursar direito. Quando perguntada se ela os influenciou de alguma forma, ela se diverte: “talvez inconscientemente” (risos).

Mas a paixão mesmo da colega está nas netas. As “princesas da avó”, Helena, 6, e Heloísa, 2, enchem os dias dela de alegria, e isso dá para perceber só em como ela fez questão de citá-las na entrevista.

Para estar sempre perto e se divertindo com a família e os amigos, a servidora aproveita temporadas em sua chácara em Santa Teresa, onde os recebe e, claro, cuida e dá amor para várias plantas. A colega tem aquele hábito que todo apaixonado por botânica tem, de conversar com elas e incentivá-las a crescer.

No caso da chácara, além das suculentas e das orquídeas, ela também conta com a presença de um ilustre pé de laranja. Podemos dizer que Marlúcia colhe, então, os melhores frutos por todo o tempo que se dedicou à Justiça do Trabalho.

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