Entrevista: Antônio Rogério Cardoso da Costa

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“Estudei muuuuito para passar no TRT”, conta o primeiro servidor nomeado do nosso Regional. O hábito veio da infância. Ainda menino, em vez de correr no recreio, Rogério corria para a biblioteca da escola atrás de livros. Quando resolveu seguir a carreira pública, o sogro de sua irmã emprestou um apartamento vazio para que o rapaz pudesse estudar à vontade. Rogério agarrou a chance. Começava às 8h e só parava à noite.

Quando reclamava do cansaço, a mãe lhe dizia: “Continue, meu filho, um dia você vai poder escolher onde quer trabalhar.” Rogério já estava formado em Direito e havia perdido o emprego, quando resolveu estudar para um concurso público.

“Praga” de mãe costuma vingar. E com ele não foi diferente. Após um ano de dedicação, passou quase ao mesmo tempo em três concursos para nível médio: TRE de São Paulo, TRT de Campinas e Receita Federal. Estava fazendo a segunda fase desse último quando saiu o resultado do concurso do nosso Regional.

Rogério foi o primeiro colocado do primeiro concurso do TRT-ES no cargo de Auxiliar Judiciário (atual Técnico Judiciário). Foi fácil escolher o tribunal para chamar de seu. De todos os lugares, o Espírito Santo era o estado mais próximo da cidade de Campos dos Goytacazes – RJ, onde, além dos pais, morava a maioria dos irmãos. Soma-se a isso o fato de a família ter um apartamento de veraneio em Guarapari.

Rogério é o mais velho dos meninos. Além dele, há outros quatro rapazes e duas moças. Uma grande família, como costumam ser as famílias mineiras. Seu João Maria, hoje com 95 anos e “sacudido”, ou seja, muito bem de saúde, como dizem na sua terra, e sua mãe, a saudosa dona Annita, nasceram nas Minas Gerais.

Foi o trabalho do pai, no Banco do Brasil, que fez a família morar em algumas cidades do país até se firmar em Campos. Rogério, apesar de ter sido criado na cidade fluminense, nasceu em São Paulo.

Instalado em Guarapari, trabalhando em Vitória, seu primeiro período de recesso, em 1992, foi passar com a família. Certo dia, a mãe sugeriu que convidasse o cunhado e o pai dele para comer uma pizza. Mais uma maneira de agradecer o empréstimo do apartamento utilizado para estudo.

Pois bem. Quando Rogério chegou à casa do cunhado, encontrou-o mexendo no carro e conversando com alguns vizinhos. Do grupo em volta do automóvel, uma moça chamou tanto sua atenção que o fez esquecer o objetivo da visita.

O papo com Moema não ficou em ponto morto, engrenou. Ele engatou a primeira, pegou seu telefone e marcaram uma saída que acabou em pizza. “Foi num lugar bem romântico”, relembra. Menos de um ano de namoro e trocaram alianças.

Moema é mais que uma dedicada companheira, é uma grande incentivadora. Sempre presente, faz questão de prestigiá-lo nas etapas de sua vida profissional. Seja na posse como Analista Judiciário, seja quando assumiu cargos de maior destaque, ela estava lá, para aplaudi-lo.

A primeira vez em que ele esteve à frente do Controle Interno foi em 1997, depois passou por outras chefias, até retornar em 2003, ali permanecendo até hoje. Analisar, avaliar, revisar são verbos do dia a dia de Rogério.

Para tal é preciso ser detalhista, persistente, minucioso. O colega declara sentir-se confortável no papel e lembra: A humildade é a maior qualidade de quem revisa o trabalho de alguém. “É sempre importante ouvir o outro.”

Esse pensamento está registrado em sua estação de trabalho no Tribunal. Ele mantém um post-it colado à tela do monitor com os dizeres: “Ouçamos a outra parte.” Na verdade, fiz a “tradução”, porque o colega tem a mensagem escrita em latim: Audiatur et altera pars.

Termos em latim, voz de barítono, ternos clássicos e a missão de encontrar erros no trabalho dos outros transmitem, por vezes, uma formalidade que deve auxiliá-lo nas funções do cargo. Ele é formal, sim, mas não se enganem, atrás desse ar de “moço sério”, há também um colega que sabe que muito riso não significa pouco siso.

Prova disso é sua resposta quando o provoco e pergunto se leva para casa todo esse espírito de revisar e ensinar como proceder. Sorrindo, ele conta que no TRT, como técnico da área, é sua a última palavra, mas em casa é bem diferente. “São duas autoridades, né? Eu e Moema chegamos a um acordo”. E dá um largo riso. A alegria o faz falar dos filhos: Antônio Luiz, 26, formado em Arquivologia, já estagiou no Tribunal e pensa em seguir a carreira pública. Ana Luisa, 23, cursa Medicina na UFES.

Além da família, Rogério também se dedica à religião. Católico atuante, participa das missas todos os domingos e também, semanalmente, do Terço dos Homens. Sua leitura segue o mesmo caminho. O autor predileto é Huberto Rohden, filósofo que também escreve sobre religião. “A vida é cheia de lições”, cita o autor favorito e conclui: “Estamos aqui para aprendê-las dia após dia”, afirma o sempre estudioso colega.

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